terça-feira, 17 de abril de 2007

300 - 90% de homens suados e semi-nus, 9% de contexto, 1% de mitologia.

Para os apaixonado por quadrinhos, devem ter delirado ao ouvirem dizer sobre a estréia de 300 nos cinemas e para quem mal conhecia a história, se contentou em saber sobre a participação de Rodrigo Santoro no fime - no mínimo.
...E lá foram, contentes até o cinema mais próximo, alimentando expectativas sobre o sangrento desafio de Leônidas, rei de Esparta, cujo objetivo principal era destruir o exército Persa que avançava sobre suas fronteiras.
O climax? 300 homens contra 1 milhão, contando que o exército Persa era governado pelo rei-'semi'-deus, Xerxes.
O filme tem uma fotografia excelente. Apesar de ter sido rodado completamente em estúdios, não deixa a desejar no sentido de efeitos e qualidade dos cenários escolhidos.
Achei porém que o filme se prolongou demais. Colocaram todas as etnias persas para prolongarem o tempo das batalhas, desde os 'magos' até os homens. E, por fim, a mitologia grega em si, não foi explorada em quase momento algum - tirando a maravilhosa cena do Oráculo que Lêonidas visitou, os efeitos daquela cena foram magnifícos, lembrando uma pintura de quadro em movimento.
300 me lembrou uma briga de bar. Basicamente os homens se batem, se arrebentam em meio de frases de efeitos (ou não) e enquanto isso, mostra o que suas esposas estão fazendo, ou o que está acontecendo na cidade enquanto ocorre a briga no bar.
Foi um filme bem feito, uma pena não ter um roteiro bom para filme - talvez só mesmo para os quadrinhos.
Um tipo de Eragon ao contrário (não, não há dragões no filme) mas, o filme de Eragon ficou o tempo todo mostrando esquemas de batalha, e a própria durou menos de 20 minutos de filme; Em 300, a história se repete ao contrário! Houve 20 minutos de prólogo para te levar até o ponto em que o ataque massivo começa e, a partir do 20 minutos em diante, você só verá sangue, cabeças voando, esquemas de batalha, homens semi-nus exibindo os corpos malhados para a tela do cinema, e breves brechas mostrando a situação de Esparta enquanto a batalha lá fora se seguia.
Claro, não há como não citar a participação maravilhosa de Rodrigo Santoro no filme. Interpretou Xerxes como ninguém! Não imagino em momento algum outro ator fazendo ali o que ele fez, desde interpretação, até o jeito de encarar a imagem de Xerxes - talvez o diretor Snyder tenha se baseado na interpretação de Santoro em Carandiru, onde ele interpreta Lady, um detento homossexual que se casa com outro detento ao longo da história.
O filme não é ruim, é mediano.
Tinha tudo para ser um filme ótimo, se tivesse um roteiro apropriado para um longa-metragem. Pena.